Friday, January 18, 2013

Valor - Resenha


"É o caso de Marcus Fabiano Gonçalves, que já vai causando perplexidade a partir do título do seu novo livro: "Arame Falado" (7Letras, 2012, 134 págs.). "Arame"? Você não pensaria logo em "farpado"? Pois é, na vida cotidiana estamos sempre atrás do óbvio, o esperado, o que já "sabemos". É o que nos dá alguma segurança, não é mesmo? Então só pode ser "arame farpado", e estamos conversados. Mas não assim com a poesia, que não quer saber do óbvio e só se interessa pelo inesperado. Resultado, escondido em "arame falado" (fala = voz humana, autoexpressão, apelo ao convívio e à comunicação com o outro), o óbvio "farpado" (rispidez, hostilidade) fica reverberando, mais forte do que se tivesse sido expresso, e nós logo entendemos: a fala-comunicação entre os humanos é jogo duplo, ambiguidade.
Poesia: poder de concisão, sugerir e insinuar por meio de comparações, metáforas, associações livres, jogos verbais, em vez de ir logo dizendo "tudo", quase sempre aparência e ilusão. Não é a poesia que exige de nós tal esforço, é a realidade aí fora. O poeta nos diz: no mundo real, não tome nada ao pé da letra, vire do avesso as suas verdades, sempre que possível. Aí o falado se revelará farpado. Ou vice-versa. E acrescente algum senso de humor. (Levada a sério, a realidade nos escapa e a poesia volta a ser fuga e evasão.)
Ao olhar do poeta, a Idade da Pedra é "Idade da Perda", megera domada é "megera dopada"... Mas não só. Depois de afirmar que, embora pratique uma quantidade de jogos, "deus não joga dados, prefere o baralho", o poeta remata: "deus foi morto (de novo) pelos cientistas. disseram que ele encorajava a jogatina. (...) deus recolheu [as cartas] e não fez nada. ele não tem pressa, apenas calma. um dia ele põe suas cartas na mesa e acerta essas desavenças. enquanto isso, joga paciência". O homem? "O homem brinca de deus mas vive no tempo. e no mar ele nomeia seus medos: mar morto, mar negro, mar vermelho. o homem é água e enredo".
Acredite, leitor: você sairá deste "Arame Falado" com a sensação de que se tornou um pouco mais humano. A mesma sensação que experimentará ao ler o livro de Tarso de Melo "Caderno Inquieto" (Dobra Editorial, 2012, 70 págs.), embora aí a voz, o timbre e as referências sejam outras. Nada a estranhar: a poesia contemporânea é variada e heterogênea, não há dois poetas iguais, embora todos se pareçam, um pouco. Tal como acontece na realidade." 
Por Carlos Felipe Moisés | Para o Valor, de São Paulo

Leia mais em:
http://www.valor.com.br/cultura/2974632/dois-poetas-que-levam-verdadeira-vida#ixzz2ILKalADD

Thursday, January 17, 2013

Whenever I hear somebody sigh


Life is hard...



I am tempted to ask:



Compared to What ?"


"
Both optimists and pessimists succeed or fail to the same degree - It is just that optimists have more fun on the way...
"