Monday, April 18, 2011

Walden

O fim de semana passou rapidissimo. E na mesma velocidade terminei de ler Walden. Não porque tenha me desinteressado tampouco porque tenha me deslumbrado. É estranho dizer mas, gostei do livro, mas não de todo ele. Em alguns momentos me pareceu demasidadamente prolixo. E surpreendentemente gostei mais dos momentos que ele começava a fazer um verdaeiro sermão. Fosse para defender a leitura dos clássicos ou fosse para atacar quem se alimenta como glutão. Pareceu-me mistico e um verdaeiro filosofo ou sei lá, um mestre de sabedoria do oriente. Amei as citações de sábios, dos Vedas. O livro é simples assim: "repleto de citações e aforismos. Remete a Gregos e Latinos, e vai referendo contistas chineses ou poetas persas um tanto obscuros, em meio a frequentes recaídas paroquiais e rasgos doutrinários." Adorei a loucura de construir a própria casa em 6 metros quadrados e lá viver em frente ao lago, sozinho, não solitário, com todo tempo livre do mundo, como bicho do mato. Como escreveu Bueno: Thoureau soava como o arauto do individualismo intransigente e da liberdade pessoal quase refratária. Identifiquei-me com qualidade negativa da postura do Thoureau: ele sempre via a falha no pensamento alheio. Impressionou-me o apendice do livro em que Ralph Emerson traça o perfil interessantíssimo do autor. Mesmo assim, ficou faltando algo. Muito boas as colocações do Eduardo Bueno na apresentação da obra.
Merece reprodução porque é exatamente o que e como penso.
"Com efeito, em tempos de discurso ecológico lustroso mas vazio - de supostas preocupações com "desenvolvimento sustentável" anunciadas por conglomerados que , enquanto puderam, destruiram tudo a seu redor; de comerciais de veículos ecológicos 4X4 patrolando dunas e riachos; de aventuras na natureza programadas para executivos estressados em busca de um novo "modelo de gestão", de ecovilas, eco sports e eco resorts; em tempo de roupas esportivas trajadas por turistas, mesmo que estejam apenas subindo a torre Eiffel de elevador ou voando em jatinhos para alguma ruína maia - , Thoreau haveria de odiar e trataria de afrontar, a maioria dos que dizem seus admiradores... A voz que ele fez soar em Walden não foi abafada pela cacofonia das palavras ocas"
Enfim, o cara simplesmente previu o advento de um consumismo viciante e vicioso.
O ridículo e pesado de tudo isso é que ao mesmo tempo em que devorava o livro, gastei uns bons $$ na virada cultural. E pra completar tombei de joelho na Paulista. Precisamente na saída da estação brigadeiro. Meras escoriações na superfíce dos joelhos e nada digno de nota; não fosse as escoriação bem mais profunda no meu modo de pensar em relação ao consumo que ficou depois da reflexão sobre Walden - a vida nos Bosques ou depois da triste cena de um atropelamento bem ali no viaduto do chá. E eu nem sei se foi extamente isso.